domingo, 15 de setembro de 2013

Especial Setembro: Mês Agatha Christie - Para Sempre Agatha Christie!





 
 
 
Hoje é um dia mais do que especial para esta Revista-blog: é o dia em que Agatha Christie nasceu – 15 de setembro de 1890. Em vista disso, dedico carinhosamente a crônica de hoje à celebração daquela que é a maior escritora de romances de detetive, crime e mistério de todos os tempos!

 
 
 
O SILÊNCIO ESTRONDOSO

Gostaria, de início, de chamar a atenção para uma questão intrigante: 

 Onde foram parar aqueles críticos à – e contemporâneos de – Agatha Christie?

Agatha Christie não foi sempre admirada por todos. Menos ainda, foi constantemente elogiada por seu talento como escritora ou teve o valor de sua obra reconhecido. Pelo contrário: muitas foram as críticas que a escritora recebeu, apontando deméritos tanto contra sua obra como contra sua pessoa. Na verdade, as recebe até os dias de hoje.

Inúmeras foram as tentativas em depreciar a capacidade intelectual da escritora, procurando alinhá-la ao perfil de uma pessoa de mente simplória. Existe um grupo partidário da crença de que Agatha Christie possuía uma habilidade diminuta em compreender o mundo ao seu redor, e portanto, a consideram míope em relação à realidade na qual vivia. Acusam-na de elitista, puritana, esnobe, xenofóbica, nacionalista, nostálgica de uma Inglaterra utópica, tão inexistente quanto a sociedade interiorana dos vilarejos pacatos e dos casarões vitorianos onde ela ambientava grande parte de suas estórias. Tampouco foram poupadas palavras de desprezo voltadas para os livros que escreveu: buscando minimizar o valor literário de sua obra, há muitos que julgam-na sob a perspectiva do produto natural de uma mente estreita. Classificam sua obra de forma infantilizada, considerando-a antes uma charada bem elaborada, um jogo de adivinhações e deduções em formato narrativo, do que propriamente como um trabalho literário.
 
Muito culta, muito discreta, muito modesta




Agatha Christie
Todos sabemos que Agatha Christie, da mesma forma que era avessa a falar acerca de sua vida particular, também não era propriamente entusiasta em comentar sua obra. Assim, o que lhes retrucava Agatha Christie em face das críticas? Como resposta, cito uma de suas frases: 

Eu gostaria que se dissesse que eu fui uma boa escritora de estórias de detetive e suspense.

A escritora parecia permitir, propositadamente, satisfatoriamente, que a considerassem uma mera e simples escritora de estórias de detetive. Todavia, de jeito nenhum, mera e simples seriam aqui um demérito! Como é hoje notoriamente sabido, Agatha Christie era uma mulher culta, muito bem informada, de variados talentos, de um intelecto criativo, e, especificamente no que tange à literatura, uma grande conhecedora da arte das Letras. Prova disso é o fato de ela valer-se com frequências de referências a poemas e livros, clássicos ou a ela contemporâneos, bem como ao folclore, como eu mesma venho demonstrando em diversas das postagens na seção sob o marcador: Curtindo a Obra da Rainha do Crime.

Na verdade: uma sábia e generosa Dama!

Acontece que o que Agatha Christie desejava mesmo é que a sua obra se comunicasse com o público, lhe tocasse, lhe instigasse, cumprisse seu propósito – e não ela própria! A Rainha do Mistério, modesta, magnânima, tinha a habilidade aguçada de se esquivar dos holofotes e deixar que o brilho recaísse sobre suas estórias e seus personagens. E, acredite, esta atitude só poderia ser proveniente de uma mente criativa, sagaz, de uma inteligência brilhante.


Como posso afirmar tal coisa? É simples: basta verificar o que aconteceu – checar os fatos históricos. Caso a obra de Agatha Christie fosse tola ou superficial ou ruim, como foi dito, teria ela sobrevivido por tanto tempo? Continuariam pessoas, gerações após gerações, por todos os cantos do mundo, de todas as idades, gênero, classe social, profissões, a lê-la, a desfrutar dela, a admirá-la? Mesmo após o segredo do mistério de uma dada estória ter sido revelado – como no caso do sucesso recorde de A Ratoeira: mais de 60 anos em cartaz! – o charme na forma como foram escritas, como foram engendradas as narrativas, como foram tecidas as tramas, o encantamento que as envolve permanecem tão vividos como nunca!

E onde mesmo foram parar aqueles seus críticos?
 
E onde foram parar os críticos de Agatha Christie, ou ainda, muitos dos escritores e romancistas célebres há época e que frequentemente eram citados como evidências da inferioridade de nossa querida escritora? Desapareceram, em sua maioria, legados ao esquecimento. Enquanto que a obra de Agatha Christie continua aí, batendo recordes e sendo celebrada até hoje.


minha foto predileta de Agatha Christie idosa!

Inteligentemente, modestamente, Agatha Christie sabia que bastava acreditar no poder e na honestidade de sua obra, e deixar com que ela seguisse seu caminho rumo aos louros e à eternidade. Sorrindo tranquila, ela comprovou para todos não só sua incomensurável sagacidade, mas também a enorme força capaz de impregnar o mais puro silêncio.

Um silêncio poderoso.

Um silêncio intrépido.

Um silêncio estrondoso.

Com todo meu amor,
para Agatha Christie,
Christy Siqueira.
 
PARA SEMPRE AGATHA CHRISTIE!
 
 
 

ESPECIAL  SETEMBRO 2013:
MÊS AGATHA CHRISTIE
 

2 comentários:

  1. Boa matéria, mas só tem um porém: Agatha Christie nasceu em 1891, não em 1880

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  2. Obrigada, rdecribeiro. Quanto ao ano de nascimento, o correto, conforme o site oficial de Agatha Christie (supervisionado por seu neto, Sir Mathew) é 1890 - e não 1880 como eu digitei, mas também não é 1891. Eu digitei errado, então, obrigada por chamar minha atenção para isso. Abraços,

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